A dieta cetogénica é uma dieta rica em gordura, pobre em hidratos de carbono e de proteína em moderação que tem sido utilizada desde os anos 20 para o tratamento da epilepsia. Vamos proporcionar uma visão geral sobre a dieta cetogénica e como a sua utilização pode ajudar a melhorar no controlo de convulsões em algumas crianças e adultos.

A dieta cetogénica é uma opção de tratamento da epilepsia para 20-30% das crianças cujas convulsões não respondam à toma de dois ou mais fármacos antiepilépticos. A dieta também pode resultar em adultos que não respondam à medicação e existe ainda indicação para a sua utilização noutros distúrbios neurológicos (ver abaixo).

A dieta cetogénica é utilizada como primeira linha de tratamento na Síndrome da Deficiência do Transportador da Glicose tipo 1 (Glut-1 DS) e na deficiência de piruvato desidrogenase (PDHD).

A dieta cetogénica não é eficaz para todos, 50-60% das crianças submetidas a uma dieta cetogénica supervisionada têm uma redução das convulsões de 50% ou mais e 15% destas crianças ficam livre de convulsões. Outros benefícios relatados passam pela redução da medicação e consequentemente uma diminuição dos efeitos indesejáveis e melhoria cognitiva.

Não é conhecido o mecanismo exato responsável pelo sucesso da dieta cetogénica na gestão da epilepsia resistente a fármacos. O objetivo é alterar a forma de funcionamento do corpo, incentivando-o a substituir os hidrato de carbono por gordura como a sua principal fonte de energia. Os hidratos de carbono ingeridos são metabolizados pelo corpo para produzir glicose que vai abastecer o cérebro e outras células do corpo. Quando o corpo metaboliza a gordura produz corpos cetónicos como principal fonte energética.

Provavelmente, vai continuar a medicação após iniciar a dieta. No entanto, se a dieta for eficaz no controlo da epilepsia, a medicação pode ser revista e até recomendada a sua retirada de forma progressiva.

Rica em gordura

É importante ingerir alimentos ricos em gordura em quantidade suficiente para permitir que o corpo produza as cetonas, necessárias para utilizar como fonte energética. A maior parte das necessidades energéticas é proveniente de gorduras, por exemplo, azeite, óleo de girassol, óleo de coco, manteiga, margarina, maionese, creme de leite e produtos de elevado teor de gordura disponíveis mediante receita médica.

Baixo teor de hidratos de carbono

Na dieta cetogénica, a ingestão de alimentos com hidratos de carbono é reduzida (chocolates, doces, batatas fritas, leite, iogurte, pão, batata, massa, fruta, etc). Isto faz com que a glicose deixe de ser utilizada como fonte de energia e o corpo passe a usar gordura para produzir cetonas e obter energia.

Proteína em moderação

A proteína é fundamental para o crescimento e reparação dos tecidos e o nutricionista vai garantir que sejam incluídos alimentos com proteína em quantidade adequada e de boa qualidade na sua alimentação diária (por exemplo, carne vermelha, frango, peixe, ovos e queijo).

A dieta cetogénica é adequada para satisfazer necessidades individuais. Pode ser necessário realizar algum ajuste para atingir o melhor nível de cetonas, para ajudar a reduzir as convulsões. Se a dieta cetogénica se vericar eficaz após um período experimental de 3 meses pode ser prolongada até 2 anos, após esse período poderá ser aconselhado a retomar uma dieta normal. Se necessário, a dieta pode ser mantida por mais tempo.

É importante que a dieta cetogénica seja supervisionada por um médico e nutricionista. Para mais informações sobre a dieta cetogénica contacte a sua equipa médica.